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Carta a um anjo

>> segunda-feira, 28 de março de 2005

Hoje fazem 2 anos que te perdi... Apesar da chegada da Melissa me encher de expectativas e felicidade, como me esquecer de você?
É detestável quando as pessoas falam: "- Ah, mas você ainda pode ter outros filhos!"
Sim, posso. E tive. Mas o buraco que fica dentro da gente ninguém consegue preencher, nem mesmo outro filho.
Deus sabe o que faz! É nisso que eu me apoio quando começo a ficar triste por sua causa. Apesar de não entender os desí­gnios Dele somos obrigados a 'engolir' o que nos acontece. Digo engolir porque aceitar é outro departamento e eu não consigo aceitar certas coisas.
Talvez não seja saudável ficar me lembrando de você, mas é uma frustração que carrego comigo. Me senti frustrada como mãe, como mulher, como ser humano incapaz de gerar uma vida... Não sei se por causa da maneira brusca como você me foi tirada ou pela total falta de tato do médico ao me falar da sua 'morte'.
Em um exame de rotina enquanto fazia o ultra-som, minha bolsa estava vazia, ele olhou pra mim e soltou um:
"- Are? Kodomo shinderuyo!" (tipo: Ué, a criança está morta!)
Foi traumático, não consegui escutar mais nada, minha cabeça estava a mil por hora. Minha sorte foi o Hélio estar comigo e ouvir o que o médico estava falando pois eu já não conseguia prestar atenção em mais nada.
Não sei em que momento você se foi, mas hoje completa 2 anos desde que fiz a cirurgia (imagino que tenha feito uma curetagem, nem sei se é assim que se escreve). Foi o pior dia da minha vida. Não pude ter ninguém me acompanhando, apesar da Akemi ter ido até a clí­nica, mandaram-na embora, passei o dia inteiro chorando e me lamentando... sozinha...
Fui internada às 7 da manhã e já começaram a me preparar. A cirurgia foi feita Às 3 da tarde, foi rápido, em 15 minutos você foi arrancada de dentro de mim e acabou meus sonhos. Confesso que tive esperanças de que nada daquilo estivesse realmente acontecendo.
Tinha tantos planos pra gente, íamos nos divertir muito juntas. Tudo isso se acabou! Sequer ouvi seu coração batendo. Você estava com 2 meses e nesse curto espaço de tempo foi o ser mais amado e desejado desse mundo. Eu estava tão feliz...
Como será que você seria? Queria tanto te beijar, te abraçar...
Adeus meu anjo, te amarei sempre! Não falarei mais de você...

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Revendo minhas atitudes

>> quinta-feira, 17 de março de 2005

Minha mãe foi pra Kumamoto na missa do meu avô. Queria ir junto mas no meu estado isso é impossí­vel.
Fiquei aqui sozinha pensando no meu relacionamento com ela. E comecei a chorar. Há um tempo atrás li uma história que me identifiquei demais. Apesar da situação em si ser diferente, a relação era a mesma.

Trezentos e sessenta e cinco dias

De acordo com meus amigos, sou uma pessoa segura e educada, razoavelmente inteligente, organizada e criativa. Mas, na maior parte da minha vida adulta, por quatorze dias em cada ano, eu me sentia como se não tivesse nenhuma dessas qualidades. E o pior é que isso acontecia quando meus pais - que moravam a dois mil quilômetros de distância durante trezentos e cinqüenta e um dias do ano - vinham me visitar. Em todos os outros dias eu levava minha vida muito bem, como esposa, mãe, executiva e fazendo meu trabalho voluntário. Mas a visita deles era uma verdadeira tortura para mim.
Essa é uma história muito antiga. Como filha mais velha, tinham sido colocadas muitas expectativas de sucessos e responsabilidade sobre mim. E a minha sensação era que, por mais que eu fizesse, nunca correspondia a elas. O fato de ter ido morar longe, com um marido que me amava do jeito que eu era, trouxera uma grande libertação. Mas bastava que meus pais - meu pai sobretudo - se aproximassem para acordar a menininha intimidada que persistia em existir dentro de mim. Eu me sentia ressentida com eles por ainda terem o poder de me fazer sentir insegura e incompetente.
Não era apenas eu que sofria durante as visitas dos meus pais - todos à minha volta sofriam também. Com certeza meu querido marido - estamos casados há trinta anos - sofria comigo. Nas semanas anteriores à visita, eu limpava a casa, infernizava meu marido para consertar tudo que estivesse quebrado, comprava novas cortinas, travesseiros e lençóis. Planejava refeições finas, enchia o congelador de comida e ficava atrás dos meus filhos para arrumarem os quartos, terem bons modos, falarem em voz baixa. Durante a visita havia sempre uma aura de tensão ao meu redor, como um véu diáfano (talvez fosse mais como um cobertor de lã molhado!). Depois da visita seguiam-se noites de discussões com meu marido. Eu ficava tentando decifrar o que meu pai dissera ou não dissera. E chorava muitas vezes, sentindo-me uma criança rejeitada e exausta. Em trinta anos de casamento houve vários altos e baixos, mas a prova real do amor de Dave era me ajudar a sobreviver a essas visitas!
Um dia, uma amiga me convidou para participar de um grupo de espiritualidade e um mundo novo se abriu para mim. Passei a ler sobre o assunto e a meditar diariamente, e fui adquirindo uma paz interior que nunca conhecera. O tema que mais me atraí­a era o do perdão. Perdoar, desapegar-se dos ressentimentos, compreender que aqueles que nos fizeram sofrer na maioria das vezes não tinham consciência disso e reproduziam apenas algo de que tinham sido ví­timas.
Então papai foi acometido do mal de Parkinson. Em pouco tempo, o homem cheio de vida, inteligente, o deus atlético da minha infância se transformou num velhinho cambaleante, desolado e confuso. Talvez essa sua vulnerabilidade tenha evidenciado os aspectos frágeis de sua personalidade. O fato é que tornou-se mais fácil para mim perdoá-lo.
E assim eu fiz. Apenas disse várias vezes em voz alta: "Eu perdôo você, papai." A mágoa foi se dissolvendo e deixando fluir o amor que eu sentia por ele. Consegui ir me livrando das imposições e exigências que já não vinham dos meus pais, mas de mim mesma. Tomei posse do meu ser, do meu próprio desejo, dos meus sentimentos, e tudo isso me trouxe muita paz.
Jamais disse explicitamente a meu pai que o havia perdoado, mas isso deve ter ficado claro para ele em algum ní­vel, porque toda a nossa relação se transformou.
No verão anterior à sua morte, papai veio sozinho ficar conosco por duas semanas. Eu o recebi com tranqüilidade, sem os preparativos e a tensão das outras vezes. Senti-o como um amigo com quem foi bom conversar de coração aberto, falando de mim e ouvindo-o contar sua vida.
Pela primeira vez em nossas vidas tivemos gestos de carinho um com o outro e ele me disse como se sentia à vontade em nossa casa, como era bonito o meu jardim florido. Na hora de se despedir, meu pai me abraçou forte, beijou minha testa e disse algo que nunca dissera antes: "Minha filha, eu te amo muito."
Meu pai nunca mais voltou à minha casa. Depois que ele morreu, minha mãe mandou fazer um ví­deo, com fundo musical e tudo, com as passagens mais gloriosas de sua vida. Levanto os olhos do que estou escrevendo e vejo a fita cassete na prateleira de livros. Jamais assisti ao ví­deo. O essencial de minha vida com meu pai se concentrou naquelas duas semanas. As lembranças que quero guardar são de papai na varanda, na cadeira de vime, banhado pelos raios de sol, regando as plantas, brincando, conversando, partilhando a vida conosco - e me amando.
O perdão total e incondicional trouxe conforto para minha alma e me abriu as portas para uma vida que eu não imaginava possí­vel.
Agora, além de ser esposa, mãe, avó e conselheira espiritual, sou uma pessoa inteira trezentos e sessenta e cinco dias do ano.
(Rosemarie Giessinger)

Me ressenti do poder dos meus pais de me fazer sentir uma pessoa menor, incapaz, controlando minha vida, meus atos, meus amigos, namorados... Por isso o estresse quando minha mãe resolveu vir me ajudar. Mas essa semana conversamos muito. Procurei ter a paciência que o Hélio me pediu pra ter com ela. Ficávamos sentadas no sofá, ela com a mão na minha barriga, sentindo a neta se mexer, coisa que eu pensava que jamais pudesse acontecer. Não consigo parar de chorar. Apesar de nunca ter coragem de dizer isso a eles, entendi que amo meus pais. Como posso reclamar deles se eu também faço somente aquilo que quero?
Me lembrei de quando era criança e ficava doente. Minha mãe deixava eu ficar o dia inteiro na cama, me trazia comida, bebida e os remédios. Quando eu tomava injeção, fazia compressas quentes pra passar a dor. Me lembrei de tantas coisas que eles fizeram por mim, mas esses anos todos cultivei apenas o ressentimento. Quis voltar a ser a filha mimada que eu fui.
Não sei como será a estada da minha mãe aqui, mas espero que continuemos a nos entender cada vez mais. Creio não ser tarde para isso.
*Acabei mandando um e-mail pra Miriam escrevendo como estou me sentindo. Precisava falar com alguém, não estava mais agüentando guardar tantas mágoas. Estou gerando uma nova vida dentro de mim, é hora de começar uma nova vida pra mim também.

Aí embaixo um vídeo da minha barriga vista de cima. É a visão que eu tenho. :p Olha só como se mexe... Dói tanto meu Deus...

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Ansiedade

>> sábado, 12 de março de 2005

Minha mãe chegou e fui buscá-la na estação. Não foi possí­vel ir ao aeroporto, minha barriga está muito grande e sinto muitas dores, tive medo de entrar em trabalho de parto no meio do caminho.
O engraçado foi o Hélio ficar o tempo todo no carro falando pra eu ter paciência com ela, que todos envelhecemos e um dia teremos a idade deles. Conversamos bastante e comecei a pensar na paciência que ele tem com os pais. Ele é capaz de ficar 1 hora e meia explicando ao pai pelo telefone como fazer para poder visualizar as fotos que mandei pro email dele. E, é claro, seu Mário não conseguiu ver nada . Eu não teria essa paciência, mas não me custava começar a tentar, apesar da minha minha mãe ter um gênio difí­cil, eu também não colaborei esses anos todos. Detesto que fiquem me dando ordens e é justamente isso que meus pais adoram fazer, como se pudessem controlar a vida dos filhos do jeito que eles querem. Assim, passava meses sem falar com eles porque já sabia que eles iam falar "um monte" e eu não queria escutar.
Saber que posso contar com o Hélio me encoraja a começar uma nova fase no meu relacionamento com minha mãe.
Fiquei na dúvida se postava ou não essa fotinho, porque nem eu consigo entender direito. Mas dá pra ver os dedinhos gordinhos, então resolvi colocar mesmo assim :p

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Streptococcus do Grupo B (GBS)

>> terça-feira, 8 de março de 2005

Em uma consulta de rotina, foi detectado que estou infectada com GBS. Nunca tinha ouvido falar nisso, o médico me deu um folheto explicando sobre a doença, mas não consegui ler nem metade. Me explicou também que não existe tanto perigo, mas na hora do parto eles vão ter que aplicar um remédio no soro para que a criança não seja infectada. Fiquei um pouco assustada e fui pesquisar depois que voltei pra casa.
É mais assustador quando se informa sobre o assunto. O médico tinha me dito que o risco de infectar minha filha é pequeno, mas não me disse sobre as seqüelas caso não pudessem evitar. Descobri que pode causar infecção urinária e uterina e óbito fetal durante a gravidez e meningite depois do nascimento. (Para saber mais sobre GBS)
Ele me colocou um comprimido dentro da vagina que vai derretendo aos poucos. Mas, como minha gripe não melhora, em uma tossida o remédio saiu e não consegui colocar de volta. Irritou tudo em volta e começou a coçar demais.
Vou voltar amanhã pra ver se colocam outro remédio.

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